O Paraná é um estado com muitas atraçōes. Na própria capital, Curitiba, existem passeios muito interessantes. Nāo faltam parques, igrejas, restaurantes, museus para conhecer. Nos arredores da capital também estāo riquezas culturais imperdíveis, como a Colônia Witmarsum a Alemanha no Paraná.
Há 38 anos quando eu era ainda universitária, tinha uma colega de turma, a querida Elfriede, que é de Witmarsum. À seu convite fizemos um passeio àquela localidade para conhecer a fábrica de laticínios e fazer um piquenique, tudo foi maravilhoso!!!
Comemorando 35 anos de formatura, a nossa turma realizou um encontro novamente em Curitiba para celebrar. Foi uma delícia!!!
Elfriede nos convidou para revisitar Witmarsum. Com um pequeno grupo de amigas, revivemos a viagem, voltando aos locais visitados anos atrás. Testemunhamos também algumas mudanças. É essa nostálgica experiência que relato aqui e divido com você.
Sumário
A história
Há 500 anos, numa cidade chamada Witmarsum, localizada hoje em território holandês, morava um padre alemāo chamado Menno Simons, que participou da Reforma Protestante, dando origem à religiāo menonita.
Com grande adesão dos germânicos, fundamentada na fé em Deus e no pacifismo, isto é, nāo pagar o mal com o mal, não usar a espada – armas, orar pelos inimigos, fazer o bem àqueles que os odeiam, perdoar. Por essa razão seus seguidores negavam-se a servir ao exército e participar de guerras.
- A fé manifesta nas atitudes e nas famílias
Rumo à Guidanski
Perseguidos pelo governo e pela igreja local, fugiram para Guidanski, onde ficaram por 250 anos, quando foram novamente perseguidos. Foram então convidados pelo Império Prússio a colonizarem parte de suas terras, visando as habilidades agricolas e na construção de diques que o povo menonita possuía.
Lá viveram por 500 anos até que foram intimados a servir o exército ou perderiam suas terras.
Rumo à Crimeia
Nessa ocasião, aceitaram o convite da princesa alemā Catarina – a Grande que foi Imperatriz da Rússia, esposa de Pedro – o Grande, feito ao povo germânico, não só os menonitas, para colonizar a regiāo da Crimeia, e lá se instalaram.
Anos depois, o neto de Catarina nāo aceitou mais as condições oferecidas por Catarina aos alemães colonizadores: terra grátis, liberdade religiosa, 30 anos com isenção de impostos, não servir ao exército.
Rumo à América
O grupo alemão menonita imigrou para o Canadá, os EUA e Brasil, neste, primeiramente para Santa Catarina, criando lá um povoado que chamaram de Witmarsum, em homenagem ã cidade natal.
No entanto, muitos do imigrantes nāo se adaptaram à Santa Catarina, pois as terras montanhosas da Serra do Mar eram muito diferentes às planas que estavam acostumados para o plantio.
Rumo ao Paraná
Procuraram outros locais para viver, um deles, o Paraná.
Compraram comunitariamente a Fazenda Cancela, perto da cidade de Palmeira, onde se assentaram, fundando em 1951 a Colônia Witmarsum, menonitas descendentes de alemāes.
Inicialmente as familias compartilharam a Casa Grande da fazenda, onde hoje funciona o Museu, e foram, aos poucos, construindo suas casas, semeando os campos, produzindo suas especiarias alemās, dando assim o charme europeu até hoje presente.
A Colônia hoje
Com 64 anos, a Colônia Witmarsum possui cerca de 2.000 habitantes.
Uma escola pública, na qual a liderança conseguiu inserir no curriculo o idioma alemāo e algumas outras disciplinas que preservam a cultura de seu povo.
Também construíram a sede da Cooperativa Mista Agropecuária de Witmarsum e um grande mercado, no centro, que provê os moradores dos gêneros de primeira necessidade.
Nesse mercado você pode encontrar vários produtos locais, como os
- queijos minas frescal,
- os de origem italiana: ricota fresca e asiago,
- de origem francesa: brie e camenbert,
- de origem suiça: emental e appenzeller, e
- o colonial, natural e com pimenta verde,
fabricado pela Cooperativa, todos de produção local e com melhor preço.
Nesse mercado acontece, aos fins de semana, uma feirinha com os produtos locais.
A cidade ainda possui uma fábrica de laticínios. Me lembrei do leite Cancela – um dos que mais minha mãe comprava quando éramos crianças –
Possuem uma fábrica de cerveja, lojinhas de artesanato e pelo menos três Cafés Coloniais, onde você pode experimentar da deliciosa cozinha alemā.
Como chegar
Pertencendo ao município de Palmeira, Witmarsum fica a 60 km de Curitiba. Uma viagem de carro pela BR 277, que leva menos de uma hora ou a partir da cidade de Palmeira pela BR 376, cerca de 35 km.
Para encontrar mais facilmente vão aí as indicações que recebemos: saindo de Curitiba, depois do pedágio, você vai passar pela Polícia Rodoviária, entre à direita em direção à Palmeira.
De carro
Passará por cima do viaduto e depois pelo Recanto dos Papagaios, outro local muito bonito para conhecer e fazer um piquenique, mas isso é assunto para outro post. Aí, já verá placa indicativa para Witmarsum.
Fomos de carro, o que acredito ser a melhor forma de visitar o lugar, pois lhe dá liberdade de explorar o local, vai direto ao centro de Witmarsum e você tem toda a flexibilidade de horário.
De ônibus
mas tem como ir de ônibus, só que é preciso ir de Curitiba, com transporte público, até o Terminal Campina da Siqueira, em Campo Largo. Desça no ponto final, vá à rodoviária de Campo Largo e pegue o ônibus da viação Princesa dos Campos, para Witmarsum.
O que fazer
O olhar sobre a cidade
Andar pela ruas da cidade já é um bom passeio. Você verá casas de madeira, com belos jardins repletos de flores e grama muito bem cuidada, como a que minha amiga Elfriede morava e hoje pertence a um vereador que nos recebeu com muita atenção permitindo-nos andar pelo terreno, tirar fotos e relembrar dos bons tempos.
Também nas casas, as famílias mantêm o cultivo de árvores frutíferas e você fica salivando só de olhar os frutos nos pés.
Artesanato
Algumas dessas casas hoje, abrigam lojinhas com o belo artesanato local, como a Toll que fica em frente à Confeitaria Kliewer.
Igrejas e campos de plantação
A Colônia, embora na maioria composta por menonitas, tem hoje igrejas de várias denominações, como luterana, católica, uma mais lindinha que a outra.
Ao redor do centro, observa-se enormes campos de trigo e milho, dando ao local um ar bucólico e mostrando o DNA desse povo que traz nas veias o dom da agricultura.
A Colônia trabalha em cooperativismo e assim tem grandes silos onde estocam a produção local para a venda cooperada.
Gado e produção de leite
Witmarsum também é conhecida pela produção de leite e derivados, assim, é muito fácil ver vacas leiteiras pastando nos campos, grandes currais com espécimes lindos desses animais, além de salas de ordenha, onde hoje é feita a ordenha mecânica, três vezes ao dia. É quase inacreditável o tamanho das tetas de algumas dessas vacas leiteiras.
A Agropecuária Régia, a qual visitamos, tem 600 vacas leiteiras que produzem 24 mil litros de leite por dia, num sistema bem moderno de retirada e guarda do leite para que seja então enviado aos laticínios para a pasteurização e produção de seus derivados.
Visitar uma fazenda de gado leiteiro e o processo de manejo e ordenha é um dos interessantes passeios na localidade, mas para isso é necessário ter contato com algum criador local ou agendar uma visita.
Café colonial
Um dos programas típicos do local é tomar o café colonial. Existem três casas na cidade que funcionam a todo o vapor, nos fins de semana.
Durante a semana somente um deles estava aberto. Nós experimentamos o ambiente bem caseiro da Confeitaria Kliewer. Uma instalação muito aconchegante, um espaço nos fundos, com brinquedos para crianças, que além do café colonial (R$ 35,00 por pessoa).
Você pode também consumir por unidade, mas falando bem a verdade, acho que não vale a pena, pois as coisas sao tao gostosas que você não vai conseguir ficar num salgado e um doce, assim, enfia o pé na jaca e parte para o café colonial mesmo rsrsr.
Servem à mesa, salames caseiros, pães diversos, amei o integral redondinho, geléias, manteiga, queijos, sucos, café com leite, chás. Você escolhe os salgados que desejar, mais ou menos umas seis opções. E as tortas, uns oito tipos diferentes, realmente não tem como experimentar de tudo.
Claro que não pode faltar o aplestrudel, que eu amo e estava uma delícia!!! Tudo muito gostoso, fresquinho e feito ali mesmo. Do salão você enxerga a pequena fábrica com moças muito bem paramentadas, preparando os quitutes.
Comprinhas de produtos da fazenda
Mas não acaba aí não, na mesma confeitaria você pode comprar salames, os queijos produzidos na região, uma infinidade de biscoitos alemães e como estava na época do Natal, muitos biscoitos de mel confeitados, estrelas, botas de Papai Noel, sinos, lindos e deliciosos, claro que trouxe uma cesta inteira para casa. Também estão a venda os diversos tipos de cerveja da fábrica Usinamalte, local, que experimentamos e aprovamos.
Museu de Witmarsum
Imperdível é a visita ao Museu de Witmarsum, funcionando na antiga Casa Grande da Fazenda. Cada cômodo da casa abriga um tipo de utensílio, por exemplo: instrumentos e artefatos da lavoura; móveis e utensílios de casa; materiais de produção de queijos; fotos históricas das famílias; escola e alunos, coral; roupas antigas, quase tudo é empréstimo das famílias para que sua cultura seja mantida e comunicada aos visitantes.
Pudemos também visitar uma exposição temporária com a história dos menonitas que residem no México, que estão imigrando para o Brasil, mais precisamente, para a Bahia.
O Museu está aberto sábados, domingos e feriados das 14h às 17h, mas se for a Witmarsum num dia de semana pode agendar a visitação pelos telefones (42) 3254 1347 e (42) 8411 2895.
Com entrada de somente R$5,00, o Museu oferece uma aula super interessante. Conta a história daquele povo desde os anos 1525 até a formação da Colônia.
Não se assuste, tudo é explicado em menos de meia hora, de forma atrativa, lúdica e agradável por Ricardo Philippsen. Um jovem que foi para a cidade de Curitiba para fazer faculdade, trabalhou lá, mas não resistiu, como diz ele “à cocerinha na mão para mexer na terra” e voltou para sua cidade natal.
Gostei tanto da sua “aula” que perguntei se tinha estudado museologia ou história e ele me respondeu que havia aprendido de tanto ver e ouvir o Sr. Heinz Egon Philippsen, seu pai, contar aquela história para os visitantes do Museu.
Outra vez pude observar que os moradores da Colônia respeitam e valorizam as tradições, o conhecimento, sua cultura. Vão passando, de geração em geração, a arte do cultivo do solo, do queijo, da pecuária, do cooperativismo, do respeito e da fé.
Outros Passeios
Tracktur, passeio de trator pela Colônia, (42) 3254 1152; (42) 9978 5290, tracktur@passeios.ws.
Awentur, oferecem rapel, trilhas, roteiros para ciclista, piquenique. O passeio Descobrindo Witmarsum (R$ 25,00 por pessoa). Inclui visita a uma produção orgânica, degustação da produção local, caminhada na mata e piquenique na Colina da Juventude.
Sai todos os sábados às 15 horas, de frente do Museu, (42) 3254 1347; (42) 8403 7075. ricardophilippsen@gmail.com
Ponyland – um belo espaço para passear e relaxar, curtir passeios com os lindos pôneis. Atende, sob agendamento, a grupos, durante a semana, voltado principalmente para crianças.
Cavalgada e visita a cachoeira, oferecido pela Pousada Campos Gerais.
É muito comum aos sábados e domingos grupos de motociclistas pararem em Witmarsum para tomar o café colonial. Esteja preparado(a) para este espetáculo também.
Onde comer
Outros Cafés Coloniais
Confeitaria Kliewer, aberta de terça-feira a domingo e feriados, das 8h às 18h, foi onde degustei o delicioso cafe colonial e voltei para casa com sacolas repletas dos biscoitos, salames, cervejas, muito bom, recomendo.
Edit’s Kaffee Hof, que fica na rua principal, ao lado da Igreja Católica, aberto fins de semana e feriados.
Sabores da Colônia, fica próximo ao Museu. Tem um ambiente maior, podendo receber grandes grupos durante a semana, com agendamento. Está sábados, domingos e feriados de 12h30 às 18h30.
Restaurantes
Como passei somente um dia, não tive oportunidade de experimentar das comidas locais, o café colonial foi mais que suficiente. Mas a Colônia tem algumas opções que vi anunciadas na própria Confeitaria Kliewer.
Frutilhas Lowen, fica de frente à igreja católica, na rua de acesso principal da Colônia, está aberto de terça a domingo e feriados, serve almoço colonial das 12h às 15h, prefere que agende, pratos típicos alemães, eisbein, spazie, pirogue dentre outros e sucos naturais. (42) 3254 1555; (42) 9980 8181; (42) 99810654.
Bauernhaus, BR 376, Km 549, s/n – Zona Rural, Palmeira/PR, (42) 3254 1112 que serve almoço bem colonial tipo Buffet, aos domingos e recebe grupos durante a semana sob agendamento, principalmente de escolares, para passar um dia no campo.
Restaurante Bela Vista, ali funciona também uma pousada, mas oferecem almoço a la carte com comidas típicas, somente aos domingos.
Pizzaria Bele Lanches, aberta à noite e fins de semana.
Onde ficar
Pousada Campos Gerais, gerenciada por uma profissional de turismo, além de fornecer uma boa hospedagem, também disponibiliza atividades de lazer.
Pousada Katarina, localizada na rua de acesso à Witmarsum.
Pousada Siebert, RUa Senador Roberto Glasser, s/n (42) 3254 1483.
Um destaque a mais para Witmarsum são as flores espalhadas por todas as parte. Não poderia encerrar este post sem destacar a beleza de algumas delas. Até mesmo no cemitério, encantam e dão ao cenário o ar de primavera!!!!
Cemitério e suas fotos. Fonte: folder da cidade
Minhas impressões
Se estiver pelo Paraná, sobretudo em Curitiba, reserve dois dias, pelo menos, para visitar a cidade. Eu fiquei somente um dia e achei pouco. Já estou planejando voltar e com mais tempo para poder ver, com calma, outros detalhes da cidade. Visitar a Cooperativa, conhecer os restaurantes e sua gastronomia alemã.
Tomar outro café colonial, andar a cavalo, ter tempo livre para somente andar sem destino. Descobrir o inusitado e sentir mais de perto as pessoas locais.
Se quiser ver um pouco mais sobre a cidade assista esse filme, que embora com os preços defasados, dá uma boa ideia das atividades que a cidade oferece para grupos.
E com tanta coisa bonita para ver, o sentido da visão foi muito aguçado neste dia de visita.
Deixe seu Comentário
Querida Silvia, sua opinião é muito importante pra mim, obrigada pela sua visita ao blog e pela leitura do post. Se lhe entusiasmou a visitar Witmarsum, fico feliz, pois esse é meu objetivo aqui, inspirar as pessoas e facilitar para que curtam visitar lugares novos, descobrir pessoas, sabores, culturas, natureza – estimular seus cinco sentidos. Beijos com carinho
que lindo
Obrigada Edson por seu comentário.
Vale a pena visitar essa cidadezinha especial.
Aproveite e leia outros posts e deixe seu comentário, é um prazer recebê-lo aqui.
Grande abraço