Com 20 mil habitantes, localizada mais ao sul do estado do Espírito Santo, a cidade foi colonizada pelos imigrantes italianos. A maioria dos residentes da cidade, desenvolveram o plantio do café, o grande negócio da cidade, mas este é assunto de outro post. Conhecer Venda Nova e suas fazendas é como se estivesse na Itália!
O detalhe é que as fazendas não se limitam à uma única produção, a família desenvolve outros negócios, com base na produção artesanal, como você verá a seguir.
Sumário
Venda Nova e suas Fazendas
Fazenda da família Busato
Tradicionalmente essa família tem a sua própria criação de gado leiteiro, produzindo leite e seus derivados. Conhecidos pelos cremosos e deliciosos iogurtes e queijo artesanais, destacando-se o parmesão e o suíço.
Lúcio Busato, um dos filhos, responsável pelos queijos, conta que o tempo de cura de um queijo é de 2 anos. Houve uma época em que os visitantes que chegavam na fazenda levavam os queijos mesmo sem o tempo de cura e os que haviam encomendado acabavam ficando sem.
Além disso, os pedidos aumentaram muito. Em decorrência, criaram logística para atender os clientes. Identificaram, queijo a queijo, com o nome do dono, data da encomenda e se já foi pago ou não. Assim, garantiram a propriedade e tempo de cura.
Na câmara fria, com temperatura controlada, ficam os queijos por 2 anos, envelhecendo e só então, o dono pode buscar o seu tesouro.
A triste notícia!
Hoje, a familia Busato mantém somente os queijos que já haviam sido reservados e estão em processo de cura.
Os demais derivados do leite, como o delicioso iogurte que tive o prazer de experimentar, são feitos somente para consumo da família.
A produção foi suspensa face à exigências governamentais de parâmetros e quantidades para industrialização.
Eles costumavam produzir o queijo artesanal num reservatório de pedra, que hoje, guarda a lembrança dos queijos reservados que aí estavam.
Logo na entrada da fazenda você é recebido por Carminha Busato, num recanto muito aconchegante e com muitas guloseimas artesanais feitas pela família Busato.
Biscoitos variados, cocadas, pés de moleque, torresminho, e o famoso “whatasapp da roça”. O que é isso? Bilhetinhos que cada um que chega deixa lá e que com o tempo são recolhidos num grande baú, construindo a história do local.
Mas além dos queijos e guloseimas, na mesma fazenda você encontrará a Isabel Busato. Têm plantação própria de cana de açúcar, colhida e processada fresca, sem queima do solo. Dela, produzem cerca de 3mil litros por safra da cachaça Temosinha, vendida somente no alambique da fazenda.
Natural, envelhecida na garrafa, com exemplares desde 2006, ou nos barris de carvalho ou castanheira você pode provar. Tenho certeza que não resistirá levar pelo menos uma garrafa.
Encontrará ainda, açúcar mascavo, rapadura, e grande variedade de licores.
Não deixe de visitá-los, o passeio é muito gostoso e uma prosa com qualquer um da família é um grande entretenimento.
Fazenda Brioschi
Também uma família muito grande, há várias gerações, produzem café, feijão, vinho de jabuticaba, doces diversos e embutidos, dentre eles o famoso socol.
Muito saboroso, é salame tipo copa. Contam que o nome derivou da palavra, em italiano, dada há para a carne do pescoço do porco, do que inicialmente era feito, hoje feito de lombo.
Prove também o lombo suíno defumado, temperado e recheado com abacaxi e o recheado com tempero verde, todos muito saborosos, difícil dizer qual é o mais gostoso.
Se você for como eu, vai levar para casa pelo menos um de cada. Priscila que muito simpaticamente atende os visitantes já concorreu à rainha, numa das Festas da Polenta e sua beleza mostra o nível da competição.
Priscila e sua mãe estão semanalmente, com o mesmo sorriso, atendendo os clientes na feira de sexta-feira a tarde.
Cabe ressaltar que o café dos Brioschi, ano passado, pela segunda vez, ganhou o prêmio de melhor café, premiação promovida pela Prefeitura.
Fazenda Carnielli
Localizada próximo à Fazenda dos Brioschi, produz café, queijos e laticínios, doces e biscoitos. Vá visitá-los de estômago vazio pois a degustação dos queijos, creme de queijo com morango e com ameixa, incluindo um cafezinho é quase uma refeição.
Tudo uma delícia!!! Mas vale o destaque para os queijos Morbier (tipo francês), Resteia (tipo italiano) e parmesão. Eu adorei a textura e o sabor, irresistíveis!!!
Produzem desde o frescal, de venda imediata, o queijo padrão, outros de cura de 30 dias até aqueles com cura de 2 anos.
Com uma loja sortida de produtos, não dá para resistir, precisa levar pelo menos uns queijinhos né. Pode imaginar como ficou minha mala de volta?!
Pena que não se pode visitar o local onde os queijos ficam para cura, você tem que se contentar em olhar por uma janela que com o reflexo do sol, a visão fica muito prejudicada.
Em outro post eu comentei sobre o palmito pupunha, sua maciez e sabor, os Carnielli revendem esses palmitos, prove e veja se resiste não comprar, rsrsrs
Fazenda Família Caliman
No Sítio Imigrante, estrada Lavrinhas s/n, fomos muito bem recebidos pelo Sr. Antonio José Caliman e sua esposa, Dona Ida.
Ambos com muito orgulho de seu trabalho, mostraram sua produção de hortaliças hidropônicas.
Alfaces de diferentes espécie, rúcula, além ainda da produção de pimentões vermelho e amarelo, dulcíssimos.
Achei muito interessante a técnica ambientalmente sustentável de plantio. A estrutura é formada por perfilados por onde, em intervalos programados, circula água.
Coletada, retorna ao tanque de tratamento, onde se equilibram os componentes nutritivos para a plantação. Reutilizando-a, repõe a água absorvida pelas hortaliças ou evaporada.
O Sistema também utiliza partes de garrafas pet para auxiliar na coleta da água, contribuindo para a reciclagem.
Foi muito importante ver como a criatividade pode, de forma simples, criar mecanismos que facilitam o processo produtivo. O Sr. Antonio Caliman criou um equipamento para embalar as hortaliças.
Veja nas fotos, como ele utilizou elementos do uso diário, criando forma econômica e ergonômica para facilitar seu trabalho.
Na fazenda também existe uma enorme estufa de orquídeas, algumas muito raras.
E duas relíquias, a primeira um enorme cactos. Soubemos que é o maior cacto com flor do mundo. Tem mais que o dobro da altura daquele que está registrado no Guinness e o segundo.
A segunda, elegante Jequitibá. Sebastião Salgado, que esteve na região fotografando os cafezais, falava ser uma árvore de imponente e delicada presença.
A Cooperativa de Café
A principal cultura de Venda Nova é o café e praticamente todas as fazendas o produzem. Algumas só para consumo próprio ou para suas lojas. Outras, com maiores quantidades ou safras de grande qualidade, comercializando seu produto na Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo – Pronova.
Fundada em 2004 (antes era Associaçao Pronova), mudou sua sede, em 2014, para Rodovia Pedro Cola, km 45. Com um projeto de um milhão e seiscentos mil reais, financiado pelo BNDES, equipando-se com capacidade de até dobrar sua produção.
O processo de seleção de grãos de café
Tive o prazer de conhecer, com detalhes, o trabalho da Cooperativa. Brilhante e detalhada apresentação feita por Érico Alexandre Amorim que desde 2008 coordena o trabalho ali. Mostrou-nos todo o processo de seleção dos grãos: odor, forma, densidade.
É incrível sentir a diferença de odor dos grãos ruins e dos bons. Estes últimos de um perfume delicioso.
Mas além do odor, há uma inspeção visual para avaliar o formato do grão e o nível de perfeição. São colocados numa máquina, que por peso, separa os grãos mais leves dos mais pesados. Dcessa forma, lassificando-os para continuar o caminho para a torra e moagem.
Prova e classificação do café
Também na Pronova, recebemos uma aula memorável do Q Grader Edevaldo Costalonga. Ele nos ensinou, na prática, o processo de prova e classificação do café, muitíssimo interessante e que exige muita experiência.
Foi muito interessante conhecer a história de como Edevaldo trilhou o caminho para chegar a receber a certificação. Se for à Pronova não deixe de perguntar-lhe, vale a pena ver como é importante estar atento às oportunidades e ter fibra para aproveitá-las.
Minhas Impressões
Venda Nova dos Imigrantes é uma cidade adorável, com muita história, cultura própria, tradição. Muito trabalho de várias gerações de famílias que construíram o agro negócio da cidade.
Os olhos foram muito estimulados nessa visita, mas destaco aqui o sentido do olfato pois a experiência com o café e com os queijos marcaram momentos especiais!
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Oi, querida Rê!
Adoro receber seus links do blog. Você está fera neste assunto.
Será que poderia trocar o meu e-mail pelo do gmail? Assim eu posso ler no final de semana.
clenirtxavier@gmail.com
Muito obrigada e até o dia 14!
Bjs
Clena