A Itália que esteve em situação gravíssima frente ao Coronavírus, começa aos poucos a sair do lockdown.
Bruni, brasileira morando na Itália, escreve Carta aos Brasileiros contando suas percepções e reflexões durante a quarentena e agora, pós lockdown.
Sumário
No dia 9 de março de 2020, o Primeiro Ministro da Itália, Giuseppe Conte, determinou quarentena em toda à Itália, em função da pandemia do Coronavírus.
Foi o primeiro país da Europa a adotar o lockdown. A movimentação da população foi restringinda, fechando todo o comércio, à exceção dos serviços essenciais.
Os jornais noticiavam que, sobretudo na Lombardia, as pessoas só podiam sair de casa com autorização aprovada pelo governo.
Mesmo assim, o país alcançou o 5º lugar em número de casos (221,216) e 3º em mortes (30.911), no mundo, atrás somente dos EUA e Reino Unido (dados de 12/05).
Na região do epicentro dos casos, as imagens dos caixões sendo levados para outras cidades, por falta de espaço para enterrar os falecidos, chocou o mundo.
O pico da pandemia na Itália, ocorreu no final do mês de março. No dia 4 de maio, o governo começou a reduzir, paulatinamente, o lockdown. Mais de 4,5 milhões de italianos voltaram ao trabalho.
Continuaram fechados bares, restaurantes e o comércio varejista. No entanto, o governo está planejando autorizar a abertura geral das atividades antes de 18 de maio, conforme previsão anterior.
Após 2 meses vivenciando o lockdown, em Roma, Bruni compartilha conosco, brasileiros, seus sentimentos durante o período de quarentena.
Faz seus questionamentos sobre este “novo momento” da história italiana e do mundo!
Quem é Bruni?
Eu me chamo Bruni Mainhard, sou carioca, tenho 62 anos e, quando me casei com o Andrea, vim morar em Roma. Estou aqui há dois anos, para viver meu propósito de vida!
A Itália é um país muito acolhedor e mágico! Porém, desenvolvi especialmente com Roma, um relacionamento de total paixão, como a de um turista recém-chegado.
É com este sentimento que vou desvendando a sua História, Cultura, Arte e Arquitetura magníficas! Tudo isso entrelaçado numa atmosfera fantástica!
Ando pelas vias da cidade com olhar atento e curioso aos detalhes que ela oferece: ruínas, monumentos, igrejas, fontes, pátios, esculturas e pessoas de diferentes países e etnias.
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Algo pairava no ar!
Tenho o costume de caminhar, quando saio do curso que faço, no bairro mais pitoresco romano – Trastevere!
No dia 3 de março, depois da aula, segui margeando o rio Tevere, em direção a Rione Monti, um quarteirão eclético. Muito charmoso, com galerias de arte, ateliês e lojinhas de moda vintage.
Porém, ao caminhar por ali, começo a perceber, que algo muito sutil e silencioso imperava naquelas pequenas vias…
Prossigo, passando pelas majestosas colunas do Templo Di Adriano e vou rumo à Piazza Navona. Ali, observo que, também naquela região, o fluxo de turistas tinha diminuído radicalmente.
Sento-me por alguns minutos, para admirar os detalhes das esculturas da Fontana Dei Quattro Fiumi, de Bernini.
Caminho em direção à minha trattoria predileta no Campo Dei Fiori. Foi ali que compreendi, impactada, o significado do que estava sendo imposto a todos nós:
“FIQUE DENTRO DE SUA CASA”!
Vejo então, uma cidade triste e acuada! Os músicos de rua ainda tocavam Pink Floyd, mas as poucas pessoas que ali estavam, olhavam-se perplexas, como que se perguntando uma à outra: “Onde está a alegria? O sabor? A bellezza???”
Observo os olhos surpresos e desconfiados de alguns turistas que usavam máscaras, cobrindo nariz e boca e imagino que talvez estivessem se sentindo inadequados ao transitar pela praça daquela maneira.
Não queria acreditar! Mas, algo muito pesado havia se instalado no ar! E aos poucos fui me dando conta de que a ordem “RIMANETE A CASA” sobrepunha-se ao meu desejo de não querer isolar-me.
Fiz um registro daquela sombria atmosfera em pequenos vídeos e enviei para a família e amigos, concluindo que “tudo aquilo” também iria me paralisar: trabalho indiretamente com turistas!
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Percebendo as mudanças
Ora! Os italianos costumam viver com intensidade todas as emoções! Geralmente são hedonistas e gregários! Estão sempre em atividade criativa uns com os outros!
Amam a música como expressão e têm orgulho de apresentar – também por meio das mídias sociais – sua última receita culinária, inventada e elaborada meia hora antes do almoço ou do jantar.
Durante a quarentena, fomos para as varandas, cantar e proclamar que nada iria nos abater! No entanto, sentíamo-nos estranhos ao cumprimentarmo-nos à distância…
Ver as pessoas protegidas com luvas e máscaras é desolador. As simples saídas ao supermercado ou à farmácia tornaram-se complicadas.
Temos que levar conosco um documento que contenha nossos dados pessoais e endereço e que também justifique a nossa saída.
Às vésperas do semi-desbloqueio, 2 meses de lockdown
Hoje (29/04/2020), dois meses após o lockdown, vejo nossos vizinhos muito tensos, perplexos, impotentes…
E, aqui estamos nós: às vésperas do semi-desbloqueio do isolamento social, contemplando do terraço de nossa casa, a montanha onde está a linda cidadezinha Frascati, produtora de deliciosos vinhos!
Avaliando este momento, pergunto-me:
– O que vamos trazer e levar destes dias?
-Teremos nos tornado mais sensíveis ao outro?
-Será verdade que estamos mais humanizados?
-O que estamos portando dentro de nós que servirá de contribuição para este “novo mundo que acaba de ser instalado?
Sou muito grata a Deus por me alimentar diariamente com o maná da esperança e da fé!: “Elevo os meus olhos para os montes(…)” / ” (…)porque TU estás comigo”(…) / “O MEU SOCORRO VEM DO SENHOR, AQUELE QUE FEZ OS CÉUS E A TERRA”… e conhece o nosso FUTURO!
Planos para o futuro!
Assim que acordar… quero ir até a SARDEGNA! (Magari!), à BÚZIOS! Desejo estar bem perto de meus queridos e, juntos!!!, todos nós, bem juntos!!! mergulharmos, sentindo-nos também abraçados pelo mar!!
Roma/abril/2020.
Bruni
Conclusão
Tudo começou em dezembro de 2019, quando foi identificado o primeiro caso de Coronavirus, na Província de Hubei, na China.
Em janeiro começou a ouvir-se nos jornais, noticias de alguns casos. Naquele momento, eu mesma achei que fosse um surto localizado e nem passou pela minha ideia que chegaria ao Brasil.
Sim, ninguém imaginava que o mundo, em curtíssimo espaço de tempo, estaria vivenciando conjuntamente, em tempos pouco diferentes, a mesma doença.
Ninguém imaginaria ver tantos caixões carregados com vítimas do COVID-19, tantos novos cemitérios serem construídos e hospitais de campanha sendo armados em tempo recorde
Hoje, já são, 289.932 mortes, no mundo. Havíamos lido sobre pandemias, no passado. Mas era fato histórico, agora, estamos fazendo parte desta nova história!
Passados 5 meses, muitos países já estão retornando, aos poucos, à sua “rotina”. Se Deus quiser, em mais alguns tempo, o mundo estará se recuperando deste pesadelo e nós, aqui no Brasil, também.
Oxalá em breve tenhamos uma vacina para termos a certeza de que o Coronavirus estará controlado! Mas e daí? Você acha que tudo vai voltar ao “normal”? Será?
Tomara que não, porque do contrário, tudo o sofrimento, todas as milhares de vidas perdidas, todo o impacto na economia, nas nossas vidas, o distanciamento dos nossos queridos, não terá valido de nada!
O que será no futuro?
Sim, temos que nos fazer as mesmas perguntas que Bruni se fez!
- O que vamos trazer e levar destes dias? Como pessoas, como sociedade, como mundo globalizado, como governantes…
- Teremos nos tornado mais sensíveis ao outro? Aprendemos que não poderemos ficar bem enquanto aquele que está ao nosso lado, aqueles que nos auxiliam com as atividades diárias, a sociedade como um todo, não esteja bem?
- Será verdade que estamos mais humanizados? Será? Tenho visto e ouvido tanta polarização, no lugar de união, que me apavora não termos aprendido nada…
- O que estamos portando dentro de nós que servirá de contribuição para este “novo mundo que acaba de ser instalado? É a pergunta que eu, você e a humanidade, precisamos nos fazer, para que realmente possamos contribuir para um “novo mundo” Que seja assim! E não, mais do mesmo!
Este é um tempo que temos ouvido muito sobre os impactos do Coronavírus, temos ouvido as falas de muitas pessoas, argumentos diversos é o que não falta! Vamos ouvir mais o nosso coração, vamos nos aproximar mais de Deus e ouvir o Ele tem para nós?
Para Refletir
Não cesses de clamar ao Senhor nosso Deus, por nós, para que nos livre. I Samuel 7:8
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Fico a pensar como será o nosso retorno se hoje em plena vivência desta situação ainda estamos
com tantas divergências!!! Que o ódio se manifesta, a indisciplina, o descaso, a intolerância são presentes em nosso país. O que esperar de um povo que é liderado com a presença de EGO, que a evidência dos fatos não convencem a necessidade de permanecer em casa.
Tenho certeza que milhares de pessoas sairão com um novo olhar para vida e já presenciamos isso, é o que alegra a minha alma perceber esta transformação.
Para mim está sendo uma oportunidade única de vivenciar com minha alma uma situação de tanto aprendizado, perceber a minha pequenez perante a vida e as energias gastas com as ansiedades. O viver o agora nunca foi tão claro para a minha compreensão.
Perceber nas pessoas um olhar diferente nos encontros rápidos, mas de olhares profundos e significativos. A cortesia, a delicadeza, a gentileza tem sido uma constante na minha experiência de saídas necessarias, um Deus te abençoe num elevador me emocionou e me fez sentir que podemos nos abraçar com olhares e palavras.
Graças a Deus nem tudo está perdido e mesmo com tantas divergências ainda acredito em um mundo melhor.
A natureza está linda e descansada, está sendo um respiro para ela com a nossa ausência.
Gostaria, utópico eu sei, que fosse consciência geral a decisão de permanecemos em casa sem a necesdidade de medidas mais drástica. Aí ja teriamos alcançado um Mundo Novo.
É amiga querida, tenho vivenciado um misto de tristeza, por ver tantos comportamentos voltados ainda para o umbigo, polarizações políticas no lugar de união em busca de salvar pessoas… Por outro lado, também tenho visto iniciativas lindas de ajuda ao próximo. Pessoalmente, sim, nunca antes foi tão claro a nossa insignificância e o quanto temos que agradecer a cada acordar, de manhã.
Que Deus a proteja, junto com sua família!!! Tenhamos esperança num Brasil melhor, façamos, cada um, o pouquinho que podemos, deste pouquinho, quem sabe possamos alcançar uma imensidão de bons exemplos e um viver mais justo, sustentável e melhor.
Meu carinho
Sylvia Yano
Excelente matéria!!! Parabéns Regina!!!
Querida, que bom que gostou. Buscamos experiências que possam nos ajudar a entender o cenário pessoal de compatriotas, vivendo no exterior.
Grande abraço
Sylvia Yano
Muito legal compartilhar conosco estas informações. Se Deus quiser o lockdown não chegará no Brasil.
Pois é, importante termos a visão do que acontece em outros países para podermos aprender e ver as similaridades e diferenças. Infelizmente, já temos cidades brasileiras onde o lockdown foi instituído, mas me parece que o brasileiro, de forma geral, não respeitam muito né. Tomara que consigamos controlar esta pandemia com o menor numero de mortes possível. Mas para mim, já chegou bem perto, já tenho amigos que faleceram de COVID-19.