7 lugares incríveis na Gruta da Lapinha

O estado de Minas Gerais além das grandes riquezas culturais, gastronômicas e minerais, possui uma das maiores concentrações de grutas que preservam fósseis importantes para a história da humanidade. A Gruta da Lapinha Lagoa Santa é uma delas.

No retorno de nossa viagem de 3 dias, em maio/19, à Serra do Cipó, também em Minas, fomos conhecer a Gruta da Lapinha. Fica somente 50 km de Belo Horizonte, na cidade de Lagoa Santa.

Gruta da Lapinha – Parque Estadual do Sumidouro

Lapinha está dentro do Parque Estadual do Sumidouro, que foi criado em 1980. O Parque objetiva preservar o patrimônio cultural e natural existente na região, como grutas, pinturas rupestres, fauna e a vegetação do Cerrado. Localizado nos municípios de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, o parque tem mais de 2 mil hectares. Contém 52 cavernas e 174 sítios históricos e pré-históricos.

Vou lhe mostrar aqui as belezas de mais esta bela gruta, que faz parte do Roteiro das Grutas de Peter Lund. Tenho certeza que a Gruta da Lapinha vai entrar para a sua lista de desejos!

Como ir a Gruta da Lapinha

Nós voamos de Brasília até o aeroporto de Confins, que fica mais perto do que o aeroporto da Pampulha, tanto de Lagoa Santa (39,1 km) como da Serra do Cipó, ambas para a mesma direção.

No aeroporto pegamos o carro alugado antecipadamente, e fomos para a Serra do Cipó. Passamos pelas placas indicativas da gruta, mas deixamos para visitá-la na volta, pois fica no caminho de retorno ao aeroporto.

Existe ônibus que vai até o centro de Lagoa Santa, mas fica 14 km distante da Gruta e tem somente um ônibus em torno de 6h da manhã e outro no fim da tarde, que vai do centro até a gruta. Acho muito perrengue, o melhor e mais prático é ir de carro mesmo, ou próprio se morar pelas redondezas ou alugado se morar longe e precisar voar até Confins.

Peter Lund e suas descobertas

Tudo começou com a vinda do dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801 – 1880) ao Brasil, com o objetivo de estudar a flora brasileira. Conheceu Peter Claussen, também da Dinamarca, que lhe mostrou cavernas cheias de restos de animais pré-históricos, nas redondezas.

Apaixonou-se pelas descobertas e tornou-se pesquisador, sendo considerado o primeiro paleontólogo das Américas. Estudou mais de 200 cavernas, dentre elas, Maquiné, Lapinha e Rei do Mato. Encontrou inúmeros fósseis humanos e de animais extintos, como o tigre dente-de-sabre e a preguiça gigante.

Em 1843 encontrou vestígios de homens pré-históricos, contribuindo para definir a característica dos humanos que habitavam a região na época, mais tarde, conhecido como Homem da Lagoa Santa. Depois deste fato, sobretudo por falta de financiamento, abandonou as escavações e passou seus últimos 30 anos, catalogando todo o imenso material que havia encontrado. Continuou vivendo em Lagoa Santa até sua morte.

Confirmando as descobertas de Lund, em 1975, a missão chefiada pela francesa Annette Laming-Empraire descobriu, numa região próxima, Lapa Vermelha IV (Pedro Leopoldo/MG),  o esqueleto de uma mulher denominada de Luzia. Estima-se que tenha 11.500 anos e possui características negróides. Surgiu então a hipótese de que antes do povo de origem asiática habitar o continente, havia sido habitado por povos semelhantes aos africanos ou aborígenes da Austrália.

Museu Peter Lund – sua foto na porta do auditório

Gruta da Lapinha e Museu de Peter Lund

Hoje, parte do grande acervo de Lund está exposto no Museu que recebeu seu nome. Inaugurado em setembro de 2012, fica  bem na entrada do espaço onde dá acesso à Gruta da Lapinha. Visita imperdível antes de conhecer a Gruta da Lapinha.

• Sala expositora com 80 fósseis descobertos por Lund, vindos do Museu Natural de Copenhague.
• Espaço destinado à conscientização da importância histórica e cultural do carste (tipo de tereno) de Lagoa Santa.
• Sala multiuso para exposição de filmes.
• 2 espaços com explicações sobre os Planos de Manejo do Parque e Espeleológico.
• Não é permitido fotografar

Pinturas Rupestres

A Gruta da Lapinha

A Gruta da Lapinha MG, em 2011, em eleição popular, foi considera uma das 7 Maravilhas da Estrada Real!!! A Gruta da Lapinha foi descoberta por Peter Lund em 1835.

A visita, de 40 minutos, é guiada por profissional capacitado para informar sobre as diversas formações da gruta e orientar como proceder no interior, visando a segurança do visitante e dos processos geológicos lá existentes. Seu percurso é considerado de dificuldade média, possui escadas.

Você já se perguntou como surgiu a Gruta da Lapinha? Há mais de 900 milhões de anos havia mar na região da Lagoa Santa. Com os diversos movimentos da terra, as placas tectônicas foram se separando e o mar foi se reposicionando, deixando somente suas marcas. Depois do mar vieram os rios que também deixaram suas marcas.

A região é chamada de Carste, relevo formado pelo corrosão da água sobre rochas solúveis, no caso, o calcário, podendo ser também quartzitos e basalto. A riqueza ainda é maior porque no período pré-histórico essas cavernas foram habitadas por animais e humanos. Este fato enriquece o valor do local, gerando tanto material para estudos da paleontologia, como de arqueologia.

DICA SDV: repasso a dica de nossa guia Jucilene Martins que é também exímia desenhista. No próprio Museu de Peter Lund existem desenhos feitos por ela. Conheça suas obras @jucilene_artes. Para guardar o nome das formações, use processo mnemônico. Estalactite, a formação que inicia do teto para baixo – guardar o tite e relacionar com teto! Aí fica fácil saber que estalagmite, começa do chão para cima!

Extensão da gruta e área visitada

Possui 511 m de extensão, mas só é visitada cerca de 300 m. A maior profundidade chega a 65 m. Possui áreas que somente especialistas podem acessar. Também tem áreas com grande população de morcegos. Devida à possiblidade de transmitirem fungo que provoca grave doença pulmonar, não é permitido o acesso a esses locais.

A Gruta recentemente foi toda iluminada com lâmpadas de Led. A nova iluminação, tanto destacou as formações rochosas como também deu melhor condição ao ambiente. A luz de Led impede a formação de fungos. Ainda e possível ver partes da gruta com manchas verdes – os fungos, que cresceram com a antiga iluminação.

Já na entrada da Gruta tem no teto uma formação similar à dunas de cabeça pra baixo, rsrs. Essas formas comprovam que houve rios caudalosos circulando pela gruta, desgastando a rocha de calcário.

O principais salões visitados são:

1 – Salão da Catarata – incrível

O espeliotema tem a forma de quedas d’água congelada, originando sua nomenclatura.

Salão da Catarata, as manchas avermelhadas são minério de ferro

2 – Salao da Couve-flor – incrível

A formação é como se fossem talinhos da couve-flor, incrível ver a semelhança.

3 – Salão da Filtração – incrível

É um dos poucos lugares da caverna que ainda está em formação. Observa-se no teto, a presença de canutilhos (como se fossem canudinhos), com gotas em suas extremidades, formando estalactites. Este é um local que daqui a muitos anos, poderá ter colunas formadas. Isto porque, no chão também se observa formação de estalagmites. Como uma cresce em direção a outra, futuramente, se elas se encontrarem, formarão colunas.

O processo de formação de estalactites

O processo de formação de estalactites – canutilhos com gotas de água

O processo de formação de estalagmites

4 – Salão da Catedral – incrível

Recebe este nome pela semelhança com as grandes catedrais, arredondada e alta. Observa-se uma coloração avermelhada sobre parte da Catedral. A cor é causada pela presença de minério de ferro.

Na sala da Catedral, do lado oposto, pode ser vista a maior estalactite da Gruta da Lapinha. Esta estalactite ainda está em formação, suas pontas estão com gotículas.

Salão da Catedral

Maior estalactite da Gruta – ainda viva e em formação

Maior estalactite da Gruta – ainda viva e em formação – Visão desde seu início, no tet

5 – Salão dos Índios

No alto, uma rocha apresenta formato que lembra a face de 3 índios. Considera-se  que provavelmente o vento tenha ajudado na produção dessas formas.

6 – Salão da Cascata – mais que incrível

A sala da Cascata é uma das que mais chama a atenção, sobretudo quando observada da parte baixa da Gruta. Parece também, uma cascata congelada e brilha muito pela presença da calcita, que reflete com a luz.

Logo à frente da sala da Cascata, existem blocos de rocha, do teto ao chão, como se fosse feito em camadas e com curvas acentuadas, formando vãos entre elas e a parede. Esta formação demonstra que uma grande quantidade de água, como um rio, ficou presa por muito tempo dentro dessa sala, circulando de forma a ir esculpindo as curvas na pedra.

As camadas e os espaços de grandes blocos mostrando que aconteceu por muito tempo a circulação de água no interior da Gruta da Lapinha

7 – Salão das Cortinas – mais que incrível

Para mim, a formação em cortinas foi a grande novidade. Uma forma e cor que eu ainda não tinha visto na visita às outras 2 Grutas, Maquiné e Rei do Mato. Fiquei encantada com o detalhe da formação, que mais parace uma renda esculpida!

As formações do teto comprovam que houve água circulando. Olhando-se da parte mais baixa da Gruta pode-se ver o teto e a Cortina inteira

A formação em forma de cortina

8 – Paleoteto

Esta sala possui, bem no alto, uma concha entre as rochas, provando que o local já foi fundo de mar.

9 – Salão das imaginações ou Sala do Presépio – incrível

Existem formações que exigem que você olhe e imagine. Engraçado é que quando a Guia comenta sob o nome da forma, você olha e realmente reconhece o design, como se tivesse sido esculpido. Nesta sala se vê, ao fundo, uma pessoa com bebê no colo; mais à frente, algumas formações como se fossem os Reis Magos. Também está aí a silhueta e um anjo.

E assim, se encerra a visita guiada pela Gruta da Lapinha. Ela é bem menor que as outras 2 que compõem a Rota de Peter Lund, mas bonita tanto quanto as outras.

Salão do Presépio ou das Imaginações. O verde é fungo criado na época da antiga iluminação. O crescimento estagnou.

Informações sobre visita ao Parque Estadual do Sumidouro e Gruta da Lapinha Lagoa Santa MG

• Exigido calçado fechado. Opte por baixo e confortável, preferível tênis
• Não pode entrar com mochilas e bolsas grandes

Se for fazer trilhas:

• Levar água ou suco e alimentos leves
• Levar saco plástico para recolher o lixo durante as trilhas
• Usar filtro solar, roupas leves e confortáveis
• Endereço: Estrada Campinho Lapinha, km 6 – Lagoa Santa
• e-mail: pesumidouro@meioambiente.mg.gov.br
• Agendamento: (31) 3689- 8037/8575/8585/8592 ou (31) 3661-8671; agendamentopesumidouro@gmail.com
• Funcionamento: visitação à caverna de terça-feira a domingo das 8h30 às 16h.
• Ingressos: R$ 25,00 pagos em dinheiro, não aceitam cartões. Meia entrada de 6 a 12 anos; estudantes com carteira estudantil. Menores de 5 anos e idosos, acima de 60 anos, não pagam.
• Mais de 10 pessoas, efetuar agendamento prévio. Para grupos, visita de terça a sexta-feira e fora de feriado.
• Para fazer a Trilha da Travessia necessita agendamento, e acontecem todos os dias, exceção das segundas.
• Para fazer escalada, precisa ter seu próprio equipamento e o valor de R$ 12,00 para acesso somente à área para escalada.
• Estacionamento: grátis
• Siga-os: Blog – pesumidouro.blogspot.com; Facebook – www.facebook.com/parquesumidouro

Dica SDV: O valor do ingresso dá direito a visitar outras atrações no Parque Estadual do Sumidouro: Circuito Lapinha, Trilha do Sumidouro e Trilha da Travessia, Escalada. Essas atividades precisam ser agendadas.

Entrada da Gruta da Lapinha

Minhas Impressões

Adorei completar a visita às Grutas que compõem a Rota das Grutas de Peter Lund! A Gruta da Lapinha é bem menorzinha que as demais, sua visitação é bem mais rápida e super vale a pena! As imagens são lindas! Ter um profissional capacitado para nos conduzir na visita, faz toda a diferença. Podemos aprender muito com as informações recebidas.

Uma coisa me chamou muito a atenção, especialmente quando fui ler um dos documentos sobre o Parque do Sumidouro. Comento aqui como um alerta. A região onde o Parque está é muito rico em minérios, é constante a ameaça do desaparecimento de áreas ao redor, que guardam enorme patrimônio cultural e histórico. Os interesses econômicos de exploração de minérios, cresce a cada dia e com isso, terras ao redor são explorados, ameaçando a geografia do local e a esse patrimônio.

Estejamos alertas, como sociedade, para não deixar o interesse econômico tomar conta dessas regiões, destruindo o tesouro que ele guarda!

 Tudo no interior da Gruta da Lapinha e também no Museu Peter Lund é tão maravilhoso, nossos olhos ficam extasiados, e nosso sentido da visão trabalha intensamente, com as imagens lindas que se tem por lá!

Bibliografia de pesquisada

-MG. SEMAD. Regiões Cársticas de Lagoa Santa: potencialidades, impactos ambientais e princípais desafios. Diretoria de Educação Ambiental – 2ª edição  – Belo Horizonte, 2003.
-Governo de Minas Gerais. Rota das Grutas Peter Lund. Museu Peter Lund – Parque Estadual do Sumidouro.
-Parque Estadual do Sumidouro. blog na internet, www.pesumidouro.blogspot.com. Visitado em 17/05/19.
-Informações da Guia Jucilene Martins.

Para Refletir

Pois Ele ordenará a seus anjos que o protejam aonde quer que você vá. (Salmo 91.11)

Deixe seu comentário aqui ao final deste post, contando para gente a sua experiência. Diz aí se você já foi a Serra do Cipó e se conheceu o Capim do Mato Pousada e SPA by L’Occitane ou quando você pretende ir!!! Se este post foi útil para você?

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