Viajar de avião em tempos de COVID-19

Vou lhe contar aqui porque e como foi viajar de avião em tempos de COVID-19. Não estava nos meus planos viajar de avião nem tão cedo, mas acabou acontecendo!

ATUALIZADO EM 28/03/21

Como tem sido a minha quarentena

Fiz a minha primeira viagem de 2020 em fevereiro. Fomos para o Uruguai, uma viagem maravilhosa que abrangeu Colônia del Sacramento, Punta del Este e arredores e Montevideo.

Amei voltar àquele país que  há anos havia visitado rapidamente a trabalho, mas agora podia  conhecer melhor das suas belezas.

Planos de viagem para 2020

Já tínhamos planejado uma viagem em abril para Capitólio, em setembro  para Portugal e em novembro, para Pernambuco. Cancelamos tudinho, que dor no coração.

Tinha uma agenda confirmada, de pelo menos 7 encontros para cafés com amigas, que logo tive que cancelar também.

No dia 12 de março recebemos amigos queridos para um jantar, uma noite deliciosa de muita prosa, lembranças e renovo nas amizades.

A quarentena começou

No dia seguinte o mundo amanheceu de cabeça para baixo, TUDO MUDOU! Começamos a quarentena- 13 de março de 2020!

Por dois meses, fiquei em casa e não saia para nada e não recebia ninguém, nem mesmo minhas filhas e meus netos iam à minha casa.

Quando a saudade começou a apertar e as video-chamadas já não estavam mais dando conta de matar a saudade, minhas filhas levavam meus netos até meu prédio e conversávamos pela janela.

Algumas vezes desci para falar com eles que queriam me entregar desenhos que tinham feito para mim. Tadinhos, mantinham a distancia conforme as orientações da mãe e mandavam beijinhos de longe – uma agonia!!!

No terceiro mês, não aguentávamos mais a distância e começamos a nos encontrar nos fins de semana, na chácara, somente em lugar aberto, usando máscara e mantendo o distanciamento.

Os netos não queriam mais me abraçar, porque estavam tão catequizados que tinham que ficar longe dos avós para que nós nós não adoecêssemos que se negavam a abraçar. Com o tempo, entre nós liberamos as máscaras.

Num destes fins de semana, estávamos fazendo nossa expedição pelas árvores e meu neto mais velho (ainda não tinha feito 4 anos) se assustou com uma lagarta enorme e chorou.

No susto, peguei ele no colo e ele aceitou. De súbito as lágrimas rolaram dos meus olhos e chorei, mas chorei tanto, de emoção por abraça-lo! Você acredita nisso?! Que loucura!!!

Assim segui até setembro, por 6 meses praticamente não saí de casa. Por poucas vezes fui ao supermercado, comprava tudo online, limpava tudo que chegava com álcool 70%, mantinha o contato com amigas somente por video-chamadas ou reuniões no zoom.

Primeiras saídas de casa

Em setembro participei da primeira vindima das Vinícolas Fazenda Ercoara Cordeiro e Vinho e da Toscana do Cerrado, em Brasília.

Com muito receio, seguindo todos os protocolos de prevenção: máscara, distanciamento, álcool 70%, mas não queria perder essa linda experiência, até porque, acompanho a Fazendo Ercoara desde 2018, na plantação das primeiras mudas de uva Syrah.

Primeira vindima nas Fazenda Ercoara Cordeiro e Vinho e Toscana do Cerrado, Brasília, setembro/20.

Ainda em setembro, além da pandemia, outras questões me fizeram entrar em exaustão psicológica.

Queria muito sair um pouco, viajar para algum lugar próximo, pelo menos por alguns dias. Mas tinha receio de ir para pousada, hotel, preocupada com a dificuldade de manter o distanciamento.

Neste mesmo período, minha filha e meu genro, que também estavam seguindo rigorosamente a quarentena, em homeoffice e com a filha de 4 anos em casa, por todo o período, sem o suporte dos avós, exaustos, tiveram uma ideia brilhante!

Viajar de carro para uma praia e alugar uma casa, onde fosse possível manter o distanciamento, mas poder olhar o verde, o mar, a natureza.

Falaram comigo se eu toparia e claro, de imediato concordei. A opção de viajar de carro evitaria contato com as pessoas e o pouco se fosse necessário, usaríamos todos os cuidados de prevenção.

Alugar uma casa também era uma alternativa mais segura pois manteríamos o mesmo padrão que já estávamos seguindo de distanciamento, só que podendo contar com área verde e praia. Nada mais me acalma e relaxa do que o mar e as ondas da praia.

De repente tudo mudou de novo

A viagem estava marcada para 30 de setembro. No dia 27 a tarde, estava escrevendo para o Blog, dobrei a perna e sentei por cima, coisa que faço sempre para mudar de posição.

Depois de um tempo, lembrei que tinha deixado uma panela no fogo, assustada, levantei rápido. Quando encostei o pé no chão, senti uma enorme bola.

Meu pé estava totalmente adormecido, não tinha controle nenhum sobre ele. De repente senti uma dor absurda que me fez cair no chão!

No ato levantou um “calombo” e foi arroxeando. Pensei logo, fraturei o pé! Não pode estar acontecendo isso não! Mas era totalmente real.

Dei um tempo para ver se melhorava, mas a dor continuava, mesmo com analgésico. Tive que ir ao hospital. Este era outro receio, mas o que fazer né!

Logo recebi a confirmação do ortopedista –  fratura da base do 5º metatarso do pé esquerdo. Mais tarde soube que foi a mesma fratura do Neimar, gente fina é outra coisa né, rsrs.

Mas ainda assim, tive que agradecer a Deus, porque esta fratura costuma ter os ossos separados e precisar operar para juntá-los com pinos.

A minha fratura não teve separação dos ossos, não precisou de cirurgia e a recuperação seria mais rápida – 5 semanas!!!

Bom, tudo isso para dizer que eu não poderia mais viajar na quarta-feira, de carro com meu genro e minha filha!!!

Agora, além de não poder sair, estava usando uma bota ortopédica e com a mobilidade reduzida! Socorro!!!

Fiquei 3 semanas em cadeira de rodas e andador, pois não podia colocar o pé no chão. Depois mais 2 semanas, me locomovendo, apoiando somente o calcanhar da roboffoot.

Mas o pensamento e o desejo de viajar persistiram e mais do que nunca eu queria, eu precisava viajar. A solução seria viajar de avião!

Comprei passagem só de ida e na quarta semana de tratamento, embarquei para Salvador, rumo a Itacimirim, para encontrar minha família. Eu estava ainda de robofoot e sem poder andar longas distâncias.

Viajar de avião em tempos de COVID-19

Agora você já sabe que viajar de avião em tempos de Covid-19 não fazia parte de meus planos, né? Pois é, mas pela intercorrência da fratura do meu pé, acabei precisando usar este meio de transporte.

Cancelamento da viagem de carro

Estava tudo marcado para a viagem de carro. A casa em Itacimirim já estava paga, todos já estavam planejados para a viagem.

A previsão do meu tratamento era de 5 semanas, sendo que as 3 primeiras nem poderia encostar o pé no chão.

Não havia nenhuma chance de eu fazer uma viagem de carro por quase dois dias. Muito menos ainda, poder desfrutar da praia. Não poderia andar e na areia muito menos.

Então a decisão coerente foi eles viajarem e eu não ir com eles! Fiquei muito triste pois queria, e precisava muito, daquela viagem.

Fui sendo acompanhada pela excelente médica ortopedista, Dra Fernanda Ribeiro Miranda. Contei a ela a saga da viagem cancelada e que queria muito viajar para a praia.

Nesse ínterim, decidi que viajaria de qualquer forma, mesmo de avião. Estimamos quando eu estaria em condições de viajar e comprei minha passagem aérea para o início da quarta semana de tratamento.

Quais cuidados tomei para fazer a viagem de avião

Precisava atentar para dois fatores: a) necessidades relacionadas à fratura do pé. b) necessidades para proteção contra o Covid-19.

Cuidados relacionados à fratura do pé

Já na compra do bilhete aéreo, pedi atendimento especial e cadeira de rodas, especificando que eu não poderia andar. Isto geralmente já lhe garante ficar no assento da primeira fileira, por questões logísticas.

Você chega até a porta de embarque por um elevador específico e fica mais fácil lhe colocar no primeiro assento. Também facilita à equipe de comissários lhe atender frente a qualquer problema no voo.

Proteção contra o Covid-19 pela companhia aérea

Fui à pagina da empresa aérea que eu ia viajar, para checar quais medidas de proteção contra o Covid-19, estavam sendo adotadas. Clique no link para conhecê-las. Destaco aqui as que preciso comentar.

Destaco aqui as mais propagadas pelas companhias aéreas e as que percebi algum problema:

• uso do sistema de recirculação de ar, renovando-o a cada 3 minutos, usando filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air), que removem 99,97% das partículas. (não tive como comprovar, mas acredito que exista e seja eficiente – espero).
•  apenas as pessoas que irão viajar se aproximem dos balcões de check-in, considerando 1 representante por grupo. (embora eu tenha feito meu checkin online, como precisava de cadeira de rodas tive que ir ao balcão. As pessoas não estavam mantendo o distanciamento de 1,5 a 2 m. Precisei pedir que se afastassem, sobretudo quando eu estava na cadeira de rodas e outra pessoa também. Todos os familiares nos rodeavam. Os guichês tinham uma proteção em acrílico, mas os passageiros ficavam na lateral para falar com o/a funcionário(a).
• Disponibilização de álcool gel em todos os aviões. (só vi frasco de álcool gel com as comissárias. Caso você quisesse usar, teria que pedir a elas. Não achei nada prático, deveria ter sachês ou frasco em cada fileira).
• uso de máscaras para toda a tripulação, visando garantir a higiene na cabine. Também para passageiros com sintomas para evitar possíveis contágios. (achei absurdo este item, pessoas com sintomas não deveriam embarcar).
• noutro item está a obrigatoriedade do uso de máscara para maiores de 2 anos, e de forma correta. O passageiro deverá levar sua máscara que deve ser: cirúrgica tradicional; N95; de tecido; lenços ou bandanas de tecido. (todos usavam máscaras no avião, exceto bebes e crianças muito pequenas). VEJA ATUALIZAÇÃO ABAIXO.
• serviço de alimentação temporariamente suspenso. (na saída entregaram um pacotinho com 2 biscoitos).

Minhas ações e recomendações para proteção contra o Covid-19

euzinha paramentada contra COVID-19

A fratura acabou me dando uma vantagem por ter sido colocada no assento da fileira 1.

• máscara – assisti a live do Dr. José Bento com Dr Daniel, especialista no tratamento do Covid-19. Este médico, recomenda que para viajar de avião use-se a máscara N95 e não usar as de tecido. Segui seu conselho e comprei a N95 (R$ 5,50 un.) para viajar.
• face Shield – achei que poderia me precaver ainda mais e comprei em loja de material hospitalar o face shield (R$ 50,00), sempre usando com a máscara por baixo.
• Luva – o uso de luva não é muito recomendado, porque a pessoa sente-se protegida e acaba colocando a mão nos olhos, nariz e boca, podendo se contaminar. A minha formação em enfermagem e odontologia me fez ter muito cuidado com uso de luvas e não encostar em nada, então decidi ir para o aeroporto já com luvas cirúrgicas.
• álcool gel – levei meu próprio frasco pequeno de álcool gel e passei nos braços do assento, nas fivelas do cinto de segurança (just in case, rsrs) e nas minhas mão enluvadas, cada vez que percebia que poderia ter encontrado ou tido contato com algo contaminado.
• upgrade – recebi email da empresa aérea, informando que havia reduzido o valor da oferta para um tipo de leilão para upgrade. Optei em participar com o valor menor R$30,00. Recebi confirmação e mudei de classe. Isso me ajudou a garantir que não teria passageiro no assento do meio.
• não conversei – coisa que é bem difícil para mim, pois adoro quando encontro alguém que gosta de conversar, em voos. Mas, quanto mais se fala mais partículas de saliva são emitidas para o ar. para proteger e ser protegida, fiquei bem quietinha, lendo, durante todo o voo.
• não saí do meu assento – não só porque estava sem poder andar, kkk, mas também para não tocar em lugares desnecessários e me expor mais.
• mala de bordo para não despachar bagagem.
• check-in online para não entrar na fila para pegar cartão de embarque e nem usar totem.
• manter distanciamento na hora do embarque, mesmo que seja a última a embarcar, sem ter pressa, porque seu assento já está reservado.
• desembarcar respeitando a orientação dos tripulantes, fila a fila.

Novas regras no uso de máscaras em voos 

Passando a vigorar a partir de 25/03/21, a ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária) redefine o tipo de máscaras permitidas para uso nos voos.

Visando aumentar a segurança dos passageiros e prevenir a transmissibilidade do COVID-19,  a Anvisa definou alterações nos tipos de máscaras que poderão ser usadas nos aeroportos e dentro das aeronaves.

O órgão baseou-se nas “evidências científicas de efetividade de proteção, o surgimento de novas variantes da COVID-19 e as taxas de transmissão da doença”

Esta determinação é válida para todos os funcionários do aeroporto, tripulação,  passageiros e pessoas que circulam pelos aeroportos.

O não cumprimento das regras determinadas pode acarretar em punição de advertência  e multa, a partir de R$ 2 mil.

O amparo legal é por meio da Lei 6.437/77, que define as penalidades frente à transgressão à legislação sanitária federal.

A fiscalização fica a cargo dos agentes da Anvisa, apoiados pela Polícia Federal.

Máscaras para uso nos aeroportos e voosDUCA

• cirúrgicas profissionais
• N95/PFF2, sem válvulas de expiração
• artesanais ou industriais, de tecido com duas ou mais camadas*
• sempre ajustadas completamente ao rosto, cobrindo totalmente nariz, boca e queixo

Proibido usar como máscara, em aeroportos e voos

• com só uma camada
• com paetês, de tricô*
• lenços
• bandanas
• face shield sem máscara por baixo
• máscaras de acrílico ou plástico transparente

*as máscaras não profissionais devem respeitar requisitos  mínimos previstos na norma ABNT PR 1002 – Guia de requisitos básicos para métodos de ensaio, fabricação e uso. Lembrar que máscaras de tecido deem ser trocadas a cada 3 horas ou em menor tempo, se ficarem molhadas.

DICA SDV: calcule o tempo que levará de deslocamento –  ida ao aeroporto, espera para embarque, duração do voo e deslocamento para seu destino – e leve com você, o número de máscaras necessárias para todo este tempo. Lembrando que as máscaras N95/PFF2 tem duração de uso bem maior e podem ser reutilizadas, se não estiverem danificadas e sujas.

Conclusão

As companhias aéreas informam que o bloqueio do assento do meio, como medida de distanciamento social, não faz parte das diretrizes e recomendação da IATA, para garantir um voo seguro.

Portanto, no voo que fiz de Brasília a Salvador, à exceção da fila 1, todas as demais estavam com os três assentos de cada lado, ocupados. O voo estava lotado.

Assim como eu, alguns poucos estavam usando face Shield. Percebi uma família toda, incluindo as crianças e mais um ou outro passageiro. Todos usavam máscara, na maioria, de tecido, fabricação doméstica.

Pode ser que alguns lhe critiquem pelo exagero, mas não importa, o importante é estar protegido. Cheguei bem e continuei bem de saúde, agora também, praticamente recuperada da fratura do pé.

Minha sugestão ainda é preferir viajar de carro, na companhia daqueles com quem já convive.

Se puder evitar voos por enquanto, na minha opinião é melhor. Voos internacionais, nem penso neles por ora!

Mas se tiver que fazer um voo, minha sugestão é se proteger, mesmo que fique irreconhecível, rsrs. No meu caso, o cabelo não me permite passar despercebida, né! kkk, mas praticamente não se via o meu rosto.

No mais, tenha fé que tudo vai melhorar! Mas faça a sua parte, proteja-se e proteja os outros:

• se puder fique em casa;
• se sair de casa, mantenha o distanciamento de 1,5 a 2 m;
• use máscara sempre que sair de casa;
• alimente-se bem, durma bem, faça exercícios, pegue sol;
• mantenha seus relacionamentos sociais, online e por chamadas virtuais. Ver o rosto da amiga, da família, faz uma enorme diferença emocional.
• ajude os que precisam de apoio;
• cultive a sua espiritualidade, ore, agradeça pelas pequenas e grandes graças recebidas;
• aproxime-se de Deus.

Aproveito para lhe recomendar ouvir o Audiobook 30 dias na Terra dos Salmos, que acabo de gravar e lançar. Tenho certeza que encontrará nesse livro, ajuda para lidar com este período tão difícil.

As mãos e o nariz são as duas principais portas de entradas para o vírus Covid-19. Vamos então protegê-las. O nariz, com máscara e as mãos, lavando com água e sabão e, quando não for possível, passando álcool gel ou  álcool 70%.

Para Refletir

Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei, com a minha mão direita vitoriosa. Isaias 41:10

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Deixe seu comentário aqui ao final deste post, conta para gente o que achou deste artigo e como se sente em viajar de avião em tempos de COVID-19.

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